sexta-feira, março 29, 2024
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Brasil registra forte embarque de soja em setembro; desperta dúvidas sobre milho

 

O Brasil registrou em setembro o maior volume exportado de soja para o mês de sua história, com as vendas da oleaginosa mantendo-se maiores que as de milho, despertando dúvidas sobre a capacidade de o país atingir um recorde projetado para o cereal neste ano.

Os embarques de soja em setembro somaram 3,71 milhões de toneladas, acima das 3,46 milhões de toneladas de milho, mostraram nesta quinta-feira dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Em setembro de 2014, as exportações do cereal –que dominam os espaços nos portos nos últimos meses do ano– já haviam superado as da oleaginosa.

As exportações de soja em setembro apresentaram alta de 39 por cento ante o mesmo mês de 2014, enquanto as de milho subiram 29 por cento, na mesma comparação.

Contando com uma demanda firme da China, o Brasil já exportou um volume recorde de soja em 2015, somando 49,56 milhões de toneladas até setembro, superando todo o ano de 2014, quando foram enviados ao exterior 45,69 milhões de toneladas, segundo a Secex.

O país colheu uma safra recorde este ano, tanto de soja quanto de milho.

METODOLOGIA

Com um câmbio favorável, muitos agentes do mercado e analistas apostam em uma exportação recorde também de milho neste ano, dando escoamento para um grande volume do cereal que não encontra mercado suficiente dentro do país.

Os dados da Secex, contudo, despertam questionamentos.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima exportações de milho de 26,4 milhões de toneladas na temporada entre fevereiro de 2015 e janeiro de 2016.

Com o acumulado de embarques de milho desde fevereiro em 9,13 milhões de toneladas, seria necessário embarcar 4,3 milhões de toneladas mensais de outubro a janeiro para atingir a projeção do governo, um índice mensal nunca registrado. O recorde até agora foram 3,95 milhões em outubro de 2013.

A explicação pode estar na metodologia do governo, que não estaria revelando completamente a força dos embarques de milho do Brasil.

“Apesar de os dados da Secex ainda não estarem trazendo exportações de milho em níveis mais altos, em meio ao contexto favorável, o acompanhamento mensal feito pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereal (Anec) traz um volume de embarques mais elevado”, observou a analista da INTL FCStone Ana Luiza Lodi, no relatório recente.

Em agosto, por exemplo, a Anec registrou exportações de milho de 4,49 milhões de toneladas, contra 2,28 milhões da Secex, devido a uma diferença de metodologia.

“Os dados da Anec consideram o que foi efetivamente embarcado no período, enquanto a Secex precisa fechar toda a documentação para o dado poder ser lançado no sistema”, lembrou consultoria.

A consultoria AGR Brasil também destacou esta semana que, apesar de os números da Secex levantarem dúvidas sobre a capacidade do país de exportar todo o milho previsto para a temporada, a resposta pode estar na burocracia dos registros.

“Essa diferença acontece devido a um ‘atraso’ desde a entrega da documentação de saída do navio do porto até a contabilidade do governo”, disse consultoria em relatório a clientes.

A AGR Brasil disse que a escala de navios programados para embarcar milho no Brasil em setembro apontava exportações de 5,17 milhões de toneladas. No ano passado, no mesmo período, os embarques haviam sido de 2,91 milhões de toneladas. As exportações de milho em setembro, portanto, estariam quase 80 por cento superiores à do mesmo mês de 2014.

“Mesmo com essa diferença mês a mês, no fim do ano o número total exportado é praticamente idêntico (entre pesquisas e dados da Secex)”, disse a AGR.

Apesar do bom ritmo de embarques de soja nos últimos meses, os números da Secex mostram que não deve haver falta de capacidade portuária para embarcar grandes volumes.

No mês passado, os portos brasileiros embarcaram 8,26 milhões de toneladas de soja, farelo de soja e milho somados, um volume bem mais folgado que o recorde histórico registrado em junho, de 11,6 milhões de toneladas dos três produtos combinados.

Terminais do norte do litoral brasileiro, como o recém-inaugurado Tegram, em São Luís (MA), e os terminais de Barcarena, na região de Belém (PA), elevaram a capacidade de escoamento do país.

 

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